Tendo instintivamente a acreditar que, quando alguém dotado de um currículo relevante se pronuncia sobre um certo assunto, decerto saberá do que está a falar.
Se calhar vou ser obrigado a rever a minha atitude. Venham este extracto da entrevista de Abel Mateus no Jornal de Negócios de hoje.
Os estudos do Governo dizem que o valor negativo do projecto [TGV] é compensado por externalidades: factores ambientais, crescimento adjacente, IRC... Isso torna o projecto sustentável.Há dias foi Vítor Bento a afirmar que parte da rentabilidade esperada do TGV depende "de componentes da mais pura e arbitrária subjectividade", como os "benefícios obtidos com a redução do tempo médio de viagem das travessias sobre o Tejo", a "redução dos custos operacionais dos carros que dessa forma se consegue e pelo impacto positivo em termos ambientais" e o "aumento de produtividade".
Isso é aritmética cosmética. É muito difícil estimar externalidades. Vale mais ser muito cauteloso do que estar a fazer sobreestimativas só para encher o número [sic].
Agora, é Abel Mateus a contestar que se introduza o cálculo de externalidades na análise custo-benefício, o que só pode significar que, afinal, eles pura e simplesmente não sabem o que é uma análise custo-benefício.
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