De que lado estamos? Como era de esperar, as coisas no Iraque continuam a complicar-se. Agora, há aqui um ponto que ninguém pode ignorar: quer queiramos quer não, os países de tradição democrática liberal e todas as pessoas que partilham esses valores estão necessariamente, nesta guerra, do lado dos EUA. Sei que isto é difícil de aceitar, para quem, como eu, discorda do modo como a invasão do Iraque foi lançada e entende os propósitos que estiveram na sua origem, mas é mesmo assim.
O desencadeamento da guerra foi uma coisa absolutamente estúpida exactamente porque era previsível que a América estava a arrastar-nos a todos para este atoleiro com propósitos, no mínimo, nada claro. Todavia, não faz sentido continuar a discutir infindavelmente o desencadeamento da guerra. Uma vez que Saddam foi derrubado (e isso é indiscutivemente uma coisa boa) ninguém de bom senso tem o direito de dizer que cabe aos americanos desenvencilharem-se desta enrascada porque, agora, a instauração no Iraque de algo o mais parecido possível com uma democracia representativa é a única saída aceitável.
Parecem-me pouco perspicazes aqueles que dizem que não se percebe porque atacaram os terroristas a sede da ONU, se os inimigos são os americanos. Para a gente que fez aquilo, não há diferença nenhuma de fundo entre a ONU e os americanos. Será que não compreendem isso?
Pode ser mais uma razão para odiarmos Bush, que de pateta se está a transformar cada vez mais em patético, mas este problema também é nosso. A única reivindicação razoável, portanto, é que a ONU substitua progressivamente no terreno a administração militar americana e organize a transição para um governo legítimo iraquiano.
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