Porque raptam as Brigadas de Alá dois jornalistas franceses, se a França não aprovou a invasão do Iraque? Porque ameaçam assassinar duas inocentes italianas pacifistas que foram para o país cuidar de um povo que consideram esmagado pelos ocupantes americanos? Porque fazem explodir bombas em mesquitas apinhadas de fiéis ou em mercados frequentados por iraquianos comuns?
A utilização do terror para impor desígnios políticos é tão velha como a humanidade - sabemo-lo por diversíssimos registos escritos e vestígios de massacres.
Mas sabemos também que, muito frequentemente, a vertigem do terror adquire a sua dinâmica própria, perdendo de vista o impulso político primordial que lhe deu origem. Quando as coisas chegam a esse ponto, a destruição - sempre mais destruição - é o único prémio da própria destruição. É inútil investigar a sua racionalidade, porque já não a tem.
Cada vez me convenço mais de que uma das características essenciais do hiper-terrorismo actual é que, mau-grado algumas aparências, mau-grado inclusivamente certas alegações dos seus promotores, ele já não tem nada a ver com política.
Qualquer movimentação política, por pouco respeitável, responsável ou inteligente que seja, guia-se por propósitos fundamentais que apontam para a tomada total ou parcial do poder. Nesse impulso, busca congregar à sua volta todos os apoios que for possível, não só para aumentar a sua força própria, como para reduzir a do adversário.
O estabelecimento de alianças é uma parte vital desse jogo. Por isso podemos dizer, com toda a segurança que, se alguém despreza as oportunidades mais evidentes e elementares de fazer amigos e uni-los contra os inimigos, esse alguém não faz política, mas outra coisa qualquer.
Estou certo de que qualquer pensador minimamente qualificado da acção política sob as suas formas mais radicais, de Leo Strauss a Carl Schmitt, de Maquiavel a Karl Marx, concordaria com isto.
13.9.04
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