O DN Negócios de hoje anuncia na página 3 que a RTP teve os seus primeiros resultados positivos em mais de dez anos. Uau! Como é que eles conseguiram isso?
No corpo do artigo lemos o seguinte: «A estação estatal obteve um resultado consolidado líquido de 4 milhões no 1º semestre de 2004, depois de ter registado 52 milhões de euros de prejuízos no período homólogo de 2003».
Bom, afinal são só os resultados de um semestre, não de um ano completo. Mas, mesmo assim...
Porém, eis que, logo de seguida, o jornalista admite que afinal o resultado foi beneficiado pela venda do edifício da 5 de Outubro por 18,4 milhões de euros. É uma pena não se poder vender o edifício todos os anos, não é verdade? Seja como for, esta pequena correcção já transforma o alegado lucro de 4 milhões num prejuízo de 14,4 milhões.
Mas há mais, porque o jornalista incluiu também no «lucro» as indemnizações compensatórias pagas pelo Estado no valor de 60,1 milhões de euros. E o que compensam as indemnizações compensatórias? - Pois compensam a RTP, obviamente, pelo prejuízo resultante dos custos inerentes à prestação do seu pretenso serviço público.
Por conseguinte, vamos já num prejuízo real de 74,5 milhões de euros em metade de 2004. Tendo em conta que, antes de estes magos terem tomado posse, o déficite anual da RTP rondava os 100 milhões de euros, confesso que não estou impressionado, tanto mais que, entretanto, a taxa paga pelos consumidores de electricidade passou a reverter inteiramente em favor da RTP.
Em contrapartida, não posso deixar de felicitar os autores da peça, de seus nomes Cátia Almeida e Miguel Gaspar. Eles, sim, deveriam ser imediatamente nomeados para o Conselho de Gestão da RTP pela sua milagrosa capacidade de transformar a água em vinho.
27.9.04
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