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A tentativa de reduzir o futebol a um espectáculo – ou, pior, a um divertimento – insere-se no projecto moderno da objectualização da realidade.
Nessa versão do pontapé na bola, o adepto é reduzido a mero observador, cujo gozo se resume a apreciar a beleza das fintas, a precisão dos passes, a força certeira dos remates; ou, numa versão mais racionalista, a subtileza das tácticas.
Mas a relação que nós, os verdadeiros aficionados, mantemos com os nossos clubes, desmente essa narrativa. O futebol como simples presença é um erro; pior, um prolongamento do esquecimento do Ser.
Só o momento do golo, o êxtase da vitória, a humilhação do adversário nos desvelam a verdade profunda que jaz oculta sob a superfície do mundo dos entes.
O povo adora o futebol porque ele desmente a metafísica que se apropriou do nosso quotidiano. No futebol dissolve-se a separação entre sujeito e objecto. A nossa ontologia é outra.
Viva o Maradona!
(Para o João Galamba.)
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