12.9.06

Em guerra contra o deserto



Quando uma praga de aeronaves se abate sobre a cidade dos homens, o povo busca uma explicação e implora conselho.

A América está quase ininterruptamente em guerra desde que se tornou independente. É essa a sua crença natural, a sua mezinha preferida. Como, ainda por cima, há quase duzentos anos não era atacada no seu território, a empresa bélica pareceu inteiramente justificada.

Poucas horas passadas, o inimigo tinha já um nome mágico - Al-Qaeda - e uma guerra mais promissora do que as guerras contra o tabaco ou contra a droga estava declarada. O caminho da salvação fora traçado e tudo o que se seguisse dispensava qualquer outra vindicação.

Mas a guerra contra o terrorismo - ou, pior ainda, contra o terror - é apenas uma ficção conveniente, que, por natureza, não pode ser travada nem vencida. Faz lembrar a história contada por Heródoto daquele povo que, vendo as culturas e os animais tragados por uma tempestade de areia, resolveu partir em guerra contra o deserto - e nunca mais voltou.

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