A clique dos economistas, a que me orgulho de pertencer, é muito melhor a diagnosticar problemas do que a resolvê-los.
Por exemplo: eles chamam correctamente a atenção para o facto de que a manutenção de orçamentos fortemente deficitários do sector Estado conduz ao aumento do endividamento público e, normalmente, ao crescimento da dívida externa.
Todavia, eles não entendem nem a origem dos déficites nem as suas causas profundas e, como tal, não estão em condições de sugerir medidas correctivas eficazes. Para isso, seria melhor chamar politólogos ou sociólogos.
Acontece que os déficites são a expressão de conflitos de interesses, uns legítimos, outros nem por isso, que o Estado não é capaz de arbitrar de forma satisfatória. O que há não chega para todos, de modo que a tentativa de satisfazer os diversos grupos de pressão leva a uma escalada da despesa. É por isso que estes problemas acontecem mais quando o Estado é fraco e os poderes fácticos demonstram uma rapacidade incontrolada. Embora oficialmente a luta de classes tenha sido declarada extinta, a verdade é que continua a fazer das suas...
Para reduzir custos, seja numa empresa, seja numa instituição pública, é necessária uma estratégia orientadora. De outro modo, as poupanças que se realizam num lado aumentam as despesas noutro. São as tais «decisões estúpidas» de que muito bem fala a Ministra das Finanças.
É certamente por isso que, apesar de tanta retórica de controlo orçamental e tanto corte espectacular nisto e naquilo, o déficite continua a crescer descontroladamente (segundo alguns, já andará nos 5%) se descontarmos o efeito da contabilidade criativa permitida por Bruxelas.
4.11.03
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário