Como o déficite efectivo do Orçamento do Estado português ronda os 5% (maior, portanto, que os déficites da França ou da Alemanha), a verdade é que ele é expansionista, não contraccionista.
Que sentido faz então criticar o Governo simultaneamente por centrar todos os esforços no controlo do déficite e por não controlar o déficite? O que quer afinal a oposição: que o Governo controle o déficite ou que o Governo não controle o déficite?
A questão está mal posta. O problema é que o Governo criou expectativas recessionistas, mesmo se depois a execução orçamental não as confirmou. Ora o problema é que os agentes económicos adaptaram os seus comportamentos a esses estímulos, o que os levou, designadamente, a investir menos. Logo, faz todo o sentido dizer-se que as expectativas negativas criadas pelo Governo conduziram a uma recessão mais profunda do que seria objectivamente necessário.
Agora, porém, a situação está invertida. Todos sabemos que o que o Governo diz não é para aplicar. Todos sabemos também que a França e a Alemanha, as duas economias decisivas no espaço europeu, têm as mãos livres para fazerem o que quiserem. Boas notícias, portanto: o fim da recessão está a vista.
Subsiste, porém, um problema crucial, que é o da composição da despesa pública em Portugal. Apesar de todas as declarações grandiloquentes, este Governo aumentou a despesa corrente em detrimento do investimento. Ou seja, fez exactamente o contrário do que seria aconselhável.
Ainda o orçamento acabou de ser aprovado, e já está claro para todos que se trata de um documento absolutamente destituido de visão estratégica e bom senso.
28.11.03
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