18.11.03
Soulages
Em 1962, a Fundação Gulbenkian ainda não tinha o seu edifício da Avenida de Berna. Por isso, foi no pavilhão da FIL da Junqueira que organizou a exposição «Cem anos de Pintura Francesa».
Foi aí que muitos milhares de lisboeta (e eu entre eles) tiveram a hipótese de pela primeira vez na sua vida contemplarem ao vivo e a cores telas de Monet, Manet, Degas, Pissarro, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Seurat, Bonnard, Matisse, Léger, Bracque, Sónia e Robert Delaunay ou Vieira da Silva (representada, se não erro, por um quadro intitulado O Desastre), entre muitos outros.
A concluir tanto deslumbramento, no final da exposição, deparei-me com uma tela gigantesca de Soulages, na altura um completo desconhecido.
A pintura de Soulages vem, não pode haver dúvida, de cima para baixo. É uma voz que desce até nós, sólida, dominadora, mas também atenciosa ou prestável. Nunca esmagadora, excepto talvez no sentido de uma presença benévola que nos submerge (talvez a palavra certa seja antes: que nos invade).
Predomina o negro, completado apenas com uma sugestão de vermelho ou, mais frequente, azul. Tudo é subtileza nestas formas colossais: este elefante certamente não partiria nada numa loja de porcelanas.
É inútil acrescentar que se trata de pintura religiosa.
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