Não estão em causa em si mesmas as opiniões expressas, mais ou menos aceitáveis, mais ou menos adequadas, todas elas discutíveis.
Mas Freitas está farto de saber que, quando alguém aceita ser nomeado para um cargo público, não é livre de divulgar os seus estados de alma, nem sequer de ensaiar sábias prelecções sobre os assuntos que o apoquentam. Um Ministro dos Negócios tem menos liberdade de expressão do que um cartunista, se é que me faço entender.
Acontece que o país se integra num sistema de alianças internacionais, que tem por força que respeitar. Acontece que o primeiro-ministro e o governo se comprometeram perante todos nós a consolidar e a reforçar uma determinada linha de política externa. Acontece que essas coisas não podem ser questionadas de ânimo leve. A menos que algo de excepcionalmente grave aconteça, esperamos legitimamente que esse rumo não seja alterado, e o mesmo esperam de nós os nossos aliados.
Se alguém diverge seriamente da política do governo em matérias de tal gravidade, esse alguém deve, sejam quais forem as razões que lhe assistem, pôr o lugar à disposição do primeiro-ministro e afastar-se.
Freitas do Amaral dessolidarizou-se repetidamente da Dinamarca, da União Europeia e, mais genericamente, dos nossos aliados ocidentais, a propósito dos acontecimentos das últimas semanas. Nem ele nem Sócrates podem continuar a fingir que nada se passou. Ou Sócrates concorda, ou Sócrates discorda.
Repito: talvez - apenas talvez - ele tenha razão, mas o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal não é o lugar certo para ele dizer o que disse.
14.2.06
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