Está na moda o cíclico enterro ritual do Ocidente de cada vez que se agitam as bandeiras do fanatismo que cercam a Europa.
Hoje quem toca a finados nas páginas do DN é Luciano Amaral. Até aqui, nada de inusual. Mas eis que de repente se solta esta espantosa frase:
"Quando quadrilhas de radicais islamitas, orquestradas por Estados autocráticos, fizeram um chinfrim disparatado a propósito dos cartoons, era de esperar que o Ocidente se unisse na afirmação daqueles princípios."
Imagino que esta ideia de que o Ocidente se deveria "unir em torno de princípios" não fará espécie a muita gente.
O mesmo se gritou há milénios quando, perante a iminência da invasão Persa, os Gregos continuavam, para gaudio de Xerxes, entretidos nas suas disputas estéreis e particularistas. Depois, foi o que se sabe.
Uma das ideias fundadoras do Ocidente é precisamente essa de que há um valor e uma força na divisão. Dessa crença paradoxal nasceu esta Europa de que tantos continuam a troçar.
O povo unido jamais será vencido? Ora, ora... Esperava-se mais de um liberal! O dia em que os europeus se unirem em torno dos seus princípios será, esse sim, o dia em que o Ocidente estará morto.
9.2.06
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