Voto "não", porque suponho que a solução do problema do aborto não está na condenação do feto. Por outro lado, não me parece incompatível votar "não" com a despenalização das mulheres. Da parte do "sim" ainda não vi a declaração expressa de que ao votar "sim" o aborto clandestino será severamente punido. Voto "não" também por uma questão de ordem ideológica: para mim, existe ser, há uma vida definida, desde o momento da concepção. Não participo na campanha deste referendo.O escritor Mário Cláudio tem, manifestamente, um problema com as palavras: Ora vejamos:
1. O referendo pergunta aos portugueses se concordam com a despenalização. Cláudio não julga incompatível votar "não" com a despenalização, presumindo-se que, na opinião dele, quem concordar com a penalização deverá antes votar "sim". Que tal voltar a ler a pergunta?
2. Cláudio gostaria que os adeptos do "sim" se comprometessem expressamente a punir severamente o aborto clandestino. Tendo em conta que o voto no "sim" eliminará o aborto clandestino, não tenho, pela minha parte, a mínima hesitação em fazer-lhe a vontade. Penso que deveremos no futuro punir com a maior severidade o crime do aborto clandestino, mesmo que ele já não exista.
3. Cláudio vai mais além em matéria "ideológica" do que qualquer outro defensor do "não". Para ele, "ser" e "vida" são uma e a mesma coisa. Permito-me sugerir que um dicionário talvez ajudasse a esclarecer este ponto.
4. Cláudio recusa-se a participar na campanha. Porque terá então escrito um depoimento para o Diáio de Notícias? Há formas menos trabalhosas - e, acrescentaria eu, menos absurdas - de "não participar".
Post publicado no blogue Sim no Referendo.
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