Apercebi-me ao ouvir o Lobo Xavier na Quadratura do Círculo desta semana até que ponto pessoas nadas e criadas no dogma ficam genuinamente surpreendidas ao tomarem conhecimento de que há concepções sobre a vida e, designadamente, sobre a vida humana, distintas das suas.
Manifestamente, não lhes passa pela cabeça que, ao abortar, uma mulher possa estar a comportar-se de acordo com princípios que nem por serem distintos daqueles em que eles acreditam deixam de ser igualmente éticos.
Há décadas ou mesmo séculos que os partidários do Não procuram impor pela força a sua particularíssima crença. Apesar disso, como se constata pelo elevado número de mulheres que, aqui como noutros países, recorrem ao aborto, uma parte substancial - talvez maioritária - da sociedade tem outra visão do problema.
Apenas um sentimento arreigado de superioridade moral impede os adeptos do Não de entenderem que também os que pensam de outro modo se regem por princípios que lhes permitem distinguir o bem do mal.
Que a adesão a esses princípios não é apanágio de doutrinas excêntricas, eis o que se prova pelo facto, recordado no excelente artigo do Professor Alexandre Quintanilha no Público de sábado, de eles serem partilhados por uma maioria de cristãos em geral e de católicos em particular num grande número de países (incluindo os EUA, o México e a Itália) onde têm sido realizadas sondagens de opinião sobre este assunto.
Post publicado no blogue Sim no Referendo.
4.2.07
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