Só se percebe a alusão à França reivindicativa e a Itália catenaccia; dos restantes países vê-se tanto como o jogo Nacional-Porto da Carlsberg Cup. Era interessante que o bloguer tivesse a humildade intelectual de referir a fonte de onde retirou a imagem.
Portugal foi retratado como uma tábua de bifes, sobre a qual se encontravam bifes em carne crua com a forma das ex-colónias. Bastante bom, diria.
E relativamente ao racismo, é certo que talvez seja politicamente incorrecto, mas se a arte tivesse que obedecer ao que é politicamente correcto talvez fosse... uma joana vasconcelos; em segundo lugar, quem nunca viveu em amsterdão (da bulgária não falo, porque não conheço) nunca poderia perceber onde se queria chegar. Os turcos, por lá, têm a fama de ser uns arruaceiros. E o proveito, também.
Digo-o, no entanto, sem qualquer juízo crítico. É uma consequência natural da abertura de fronteiras. Mas se esta obra de arte procurava reflectir justamente sobre o que é a Europa, não acha que é preferível fazê-lo com frontalidade? O racismo e o "crash" cultural não fazem parte desta Europa? Ou somos demasiado democráticos para admiti-lo?
(isto, obviamente, extemporaneo, e no rescaldo de recentes declarações de D. José Policarpo)
Não discuto se isto é ou não uma obra de arte, mas afirmo que uma obra de arte pode ser estúpida. É o caso desta.
Usei indevidamente a palavra "racismo". Trata-se, neste caso, de xenofobia. Já se sabe que muita gente gosta disso na Europa, doutro modo não haveria tanta discriminação contra as minorias, nem tanto voto no Le Pen, no Berlusconi e no Portas.
Quanto à frontalidade, deitar fogo a isto parece-me bastante frontal. Ou só admitem frontalidade para um lado?
Outra pergunta para o "ex-blogger": Portugal foi o único país que teve colónias? Já esqueceu a Inglaterra, a França, a Espanha, a Holanda, a Itália, a Bélgica ou a Alemanha?
É claro que Portugal não foi o único país que teve colónias. Mas o tema desta obra não era o "colonialismo", era a Europa, ou seja, a caracterização dos estereótipos que melhor definem um país. Considero ser bem apanhado, por um checo, que Portugal ainda carrega o estigma do colonialismo. Demonstra saber mais sobre Portugal do que muitos portugueses sabem sobre a República Checa.
Da mesma forma, a Suécia está simplesmente representada por uma caixa do Ikea.
Ademais, nunca pus em causa que se pegasse fogo à obra. Força! Continuaria a ser arte, ainda que involuntária, no seu caso. Eu próprio pensei nisso. Especialmente se representasse, no sentido metafórico, que estaria a pegar fogo à própria Europa - ou, talvez, aos seus estereótipos.
Mas isso não exclui o facto de lhe poder pegar fogo porque simplesmente não gostou. Acho que pode! Eu não o iria impedir certamente.
O mais irónico de tudo isto é que, se de facto o João Pinto e Castro lhe pegasse fogo, quase que poderia apostar que faria o autor da obra sorrir de deleite. Eu sorriria certamente.
Por outro lado, concordo plenamente consigo. Somos mesmo um povo de gente estúpida. A blogosfera é um bom exemplo disso.
Imaginem que sobre o mapa da Inglaterra estava - como deveria estar - uma bandeira de piratas. Como pensam que os ingleses reagiriam? Mas o "artista" é manhoso, não se mete com os poderosos.
13 comentários:
Totalmente de acordo!!!
Isso não sei, mas o dinheiro recebido por quem o fez parece-me, sem dúvida, um acto artístico!
Eu acho bem engraçado. Mas se calhar é porque tenho sentido de humor
Se calhar acha graça porque é racista.
Só se percebe a alusão à França reivindicativa e a Itália catenaccia; dos restantes países vê-se tanto como o jogo Nacional-Porto da Carlsberg Cup. Era interessante que o bloguer tivesse a humildade intelectual de referir a fonte de onde retirou a imagem.
Comove-me muito receber lições de bom comportamento de um anónimo.
Portugal foi retratado como uma tábua de bifes, sobre a qual se encontravam bifes em carne crua com a forma das ex-colónias. Bastante bom, diria.
E relativamente ao racismo, é certo que talvez seja politicamente incorrecto, mas se a arte tivesse que obedecer ao que é politicamente correcto talvez fosse... uma joana vasconcelos; em segundo lugar, quem nunca viveu em amsterdão (da bulgária não falo, porque não conheço) nunca poderia perceber onde se queria chegar. Os turcos, por lá, têm a fama de ser uns arruaceiros. E o proveito, também.
Digo-o, no entanto, sem qualquer juízo crítico. É uma consequência natural da abertura de fronteiras. Mas se esta obra de arte procurava reflectir justamente sobre o que é a Europa, não acha que é preferível fazê-lo com frontalidade? O racismo e o "crash" cultural não fazem parte desta Europa? Ou somos demasiado democráticos para admiti-lo?
(isto, obviamente, extemporaneo, e no rescaldo de recentes declarações de D. José Policarpo)
Não discuto se isto é ou não uma obra de arte, mas afirmo que uma obra de arte pode ser estúpida. É o caso desta.
Usei indevidamente a palavra "racismo". Trata-se, neste caso, de xenofobia. Já se sabe que muita gente gosta disso na Europa, doutro modo não haveria tanta discriminação contra as minorias, nem tanto voto no Le Pen, no Berlusconi e no Portas.
Quanto à frontalidade, deitar fogo a isto parece-me bastante frontal. Ou só admitem frontalidade para um lado?
Outra pergunta para o "ex-blogger": Portugal foi o único país que teve colónias? Já esqueceu a Inglaterra, a França, a Espanha, a Holanda, a Itália, a Bélgica ou a Alemanha?
Somos, de facto, um povo de gente estúpida!
Não percebo porque raio censurou o meu comentário mas tudo bem...
Pelo que vejo aqui, os comentários não têm moderação. Deve ter sido erro meu ou de update. Peço descupa pelo comentário acima.
É claro que Portugal não foi o único país que teve colónias. Mas o tema desta obra não era o "colonialismo", era a Europa, ou seja, a caracterização dos estereótipos que melhor definem um país. Considero ser bem apanhado, por um checo, que Portugal ainda carrega o estigma do colonialismo. Demonstra saber mais sobre Portugal do que muitos portugueses sabem sobre a República Checa.
Da mesma forma, a Suécia está simplesmente representada por uma caixa do Ikea.
Ademais, nunca pus em causa que se pegasse fogo à obra. Força! Continuaria a ser arte, ainda que involuntária, no seu caso. Eu próprio pensei nisso. Especialmente se representasse, no sentido metafórico, que estaria a pegar fogo à própria Europa - ou, talvez, aos seus estereótipos.
Mas isso não exclui o facto de lhe poder pegar fogo porque simplesmente não gostou. Acho que pode! Eu não o iria impedir certamente.
O mais irónico de tudo isto é que, se de facto o João Pinto e Castro lhe pegasse fogo, quase que poderia apostar que faria o autor da obra sorrir de deleite. Eu sorriria certamente.
Por outro lado, concordo plenamente consigo. Somos mesmo um povo de gente estúpida. A blogosfera é um bom exemplo disso.
Imaginem que sobre o mapa da Inglaterra estava - como deveria estar - uma bandeira de piratas. Como pensam que os ingleses reagiriam? Mas o "artista" é manhoso, não se mete com os poderosos.
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