31.12.07

Correr duas vezes mais depressa

João César das Neves contesta no DN de hoje a ideia segundo a qual "a economia é a força mais poderosa do mundo":
Um princípio básico da economia, a "lei da utilidade marginal decrescente", diz que quanto mais temos, menos o valorizamos. Só a escassez faz subir o valor. Como vivemos a maior prosperidade de sempre, a própria ciência económica ensina que seria de esperar menor preocupação com o dinheiro. Afinal, quem tem fome é que vive obcecado com isso. Como pode este tempo ser mais, e não menos, dirigido pela economia?
Esta é, sem dúvida, uma pergunta pertinente, mas não me parece que a resposta que César das Neves ensaia esclareça inteiramente o problema.

A verdade é que, do modo que as nossas economias estão hoje arranjadas, ninguém pode esperar ter o mínimo para viver se não esfalfar para ganhar cada vez mais.

Isso mesmo nos é recordado todos os dias: o desemprego só poderá diminuir se a economia crescer pelo menos 2% ao ano; mas, para que isso suceda, é preciso que a produtividade e a população activa aumentem sem parar.

Como lembrava a Rainha de Copas imaginada por Lewis Carroll: "para ficar no mesmo sítio é preciso correr duas vezes mais depressa".

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