22.1.04
Paul Klee: Flora sobre areia, 1927.
Klee nunca foi um pintor abstracto, nem mesmo em trabalhos como este, à primeira vista parece não mais do que uma composição de quadrados de vários tamanhos e cores (aliás poucas). O que lhe interessa não é o livre jogo das formas, mas um modo mais exigente de dar a ver a realidade.
O título, que em Klee frequentemente comenta e completa a pintura, deixa claro que se trata de uma representação estilizada de uma realidade relativamente banal: plantas que crescem sobre a areia. O artista procura identificar os ritmos e padrões que um olhar distraído é incapaz de captar. O seu trabalho pode ser encarado com uma paciente pedagogia do olhar.
Como ele dizia: não se trata de mostrar o visível, mas de tornar visível. Ou seja, de revelar ao olhar preguiçoso o que está para além do visível. Um olhar assim é escravo da realidade a um ponto que o figurativismo banal jamais pode aspirar.
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