À primeira vista, não há dois escritores mais diferentes entre si do que Borges e Proust.
Porque concebi então eu esta estranha obsessão por ambos?
Tem que haver por força algo de comum entre eles -- e compreender o que poderá ser é fundamental para me entender a mim próprio.
Elaborei esta lista provisória de traços que aproximam o argentino do francês:
1. Tanto um como o outro só numa idade já relativamente avançada conseguiram começar a escrever ficção.
2. Tanto um como o outro, para conseguirem escrever ficção, tiveram que imaginar que eram um personagem que escrevia ensaios.
3. Tanto um como o outros são escritores de ideias -- coisa tabú para os estetas.
4. Ambos viviam obcecados com labirintos.
5. Ambos viviam obcecados com os sonhos.
6. Ambos viviam obcecados pelos espelhos. (Esta é menos óbvia.)
7. Ambos acreditavam que o tempo é a matéria de que somos feitos.
8. Ambos viviam obcecados pela memória. (Lembram-se de Funès, o memorioso?)
9. Ambos tinham em fraca conta a literatura contemporânea.
10. Ambos apreciavam os romances de aventuras.
11. Ambos tinham um cultura filosófica muito superior ao normal entre os escritores.
12. O Alef de Proust foi a madeleine da tia Léonie.
Mais sugestões?
14.5.04
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