21.5.04

Guerra e democracia

Durante muitos anos, uma das leis mais firmes da política internacional afirmava que nunca tinha havido uma guerra entre dois países onde a McDonald's estivesse presente.

Essa hipótese foi popperianamente falseada no dia em que os EUA bombardearam a Sérvia.

Agora, alguns idealistas agarram-se desesperadamente à utopia segundo a qual o impulso pacifista não proviria da carne picada, mas da democracia.

E, de facto, é uma verdade insofismável que, até hoje, nunca houve uma guerra entre dois países democráticos. Percebe-se porquê: quando há guerra, são os eleitores que lá vão bater com os costados, e isso não lhes agrada.

Porque a guerra, como lapidarmente definiu o Godard, "é um pedaço de ferro a perfurar um pedaço de carne". Da nossa, entenda-se.

À direita desagrada-lhe esta natural propensão pacifista das massas, e por isso é a favor de substituir esses mariolas por soldados profissionais.

Os seus últimos escritos sugerem que o Pacheco Pereira anda irritado com o incurável instinto pacifista das sociedades democráticas. Estaremos atentos aos próximos episódios.

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