28.5.04

O bravo soldadinho Santana

No passado sábado, ao ligar a televisão, deparei com o Santana Lopes logo no momento em que dizia: "Não gostamos de vaidades, nem do poder pelo poder."

Desliguei o som e fiquei a ouvir o discurso sem som. Tal como os jogos de futebol, fica muito melhor assim - este é um daqueles casos limite em que, como diria o outro, a massagem é de facto a mensagem.

No dia seguinte, porém, li nos jornais que o presidente da Câmara se comparara nesse discurso a um humilde soldado que marcha obedientemente para o terreno de batalha que o estado-maior do partido lhe atribui. Como ele é, ao mesmo tempo, o autoritário estado-maior e o esforçado soldadinho, não deve ser especialmente difícil.

No fim do discurso, rezam as crónicas, Santana não se esqueceu de brindar ao sucesso da selecção nacional no Euro 2004.

Eu não tenho nada contra o Santana Lopes. Pelo contrário, ouvi-lo tem o condão de me pôr invulgarmente bem disposto, mas a verdade é que uma anedota contada muitas vezes também acaba por cansar.

Desta vez, esteve para ali a discursar, ainda segundo os jornais, durante quase 45 minutos. A preços de tabela, esse tempo de antena vale, em prime-time, qualquer coisa como 180 mil contos. Foi, indiscutivelmente, o programa humorístico mais caro da nossa tv.

Tem razão Durão Barroso quando nos incita a uma atitude mais optimista. A irreversível decadência política de Santana Lopes é a prova provada de que o país tem futuro.

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