Pacheco Pereira acaba de anunciar no Quadratura do Círculo que, apesar de tudo, vai votar no PSD, porque é preciso começar a preparar a sucessão no partido depois do dia 20 de Dezembro. Acrescentou, todavia, que não apela às outras pessoas que vivem o mesmo angustiante dilema que sigam o seu exemplo.
Deixa-me cá ver se percebi. Pacheco Pereira resolveu não abandonar definitivamente a vida política. Pretende, por isso colaborar na reconquista da direcção do PSD, retirando-a à seita de usurpadores capitaneados por Santana Lopes. É claro que, se anunciasse agora a sua intenção de não votar no seu partido nas próximas eleições, correria o risco de ser depois desqualificado como traidor.
Nessa conformidade, não lhe resta outra alternativa senão fazer esta declaração pública. E que irá ele de facto fazer no dia 20? Cumprirá ou não, ao depositar o seu voto na urna, a intenção agora anunciada?
A verdade é que isso pouco importa. O que importa, isso sim, é que, para que ele e os restantes partidários da mudança no PSD tenham sucesso, é indispensável que Santana Lopes sofra uma derrota humilhante, caso contrário bem podem dedicar-se antes à jardinagem, o que, no caso de Pacheco Pereira, significa concluir a biografia de Cunhal.
Logo, o que Pacheco Pereira de facto propõe aos simpatizantes do PSD descontentes é uma divisão do trabalho original: «Votem vocês no Sócrates, para assegurar que o Santana fica feito em fanicos, que eu voto (ou anuncio votar) no PSD para poder aparecer num futuro Congresso como alguém que, mesmo no pior momento, jamais renegou o partido».
Votar no PSD é um trabalho sujo, mas alguém tem que fazê-lo.
Ninguém me encomendou este frete, mas achei bom explicar que, no fundo, é esta a interpretação autêntica do apelo hoje lançado por Pacheco Pereira através da SIC-Notícias.
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