10.6.05

Altos voos

Há cerca de duas semanas, questionei aqui os efeitos que a entrada da TAP no capital da Varig poderá ter sobre as nossas finanças públicas.

É curioso verificar que, talvez enebriada pela dimensão alegadamente patriótica desta iniciativa, a imprensa económica, entredidíssima com a revelação de reformas suspeitas, não tem prestado qualquer atenção ao assunto. Não restam dúvidas de que a fantasia da re-colonização do Brasil cala fundo na alma portuguesa.

Entretanto, ficou-se a saber que a operação não custará à TAP um tostão (nada de estranhar, visto que o não tem), e que será criada uma sociedade envolvendo capitais de diversa proveniência a fim de alavancar o negócio.

Quanto ao Estado português, «limitar-se-á» a avalizar o negócio. É isso mesmo: «limitar-se-á». Por outras palavras: se a arriscadíssima operação correr bem, todos os envolvidos (cujas identidades de momento permanecem desconhecidas) ficarão contentes; se correr mal, o Estado português pagará a factura.

Nada a que não estejamos habituados.

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