4.6.05

Direitos e privilégios

Se você tem 60 anos de idade e, estando desempregado há dois anos e meio, pretende reformar-se antecipadamente ao cabo de uma vida de trabalho, isso é um inadmissível privilégio que, como tal deve ser, prontamente abolido.

Mas se você foi administrador do Banco de Portugal durante quatro anos e fez dois anos de tropa (note-se a suave discriminação contra as mulheres), a sua pretensão de obter uma reforma é um direito adquirido justificado, no dizer de José Manuel Fernandes, por «fazer parte do pacote remunerativo necessário para conseguir atrair para aquele lugar quadros de qualidade». Palavra?

Quando o Governador do Banco de Portugal afirma que estamos a viver acima das nossas posses e que, por conseguinte, temos todos que fazer sacrifícios, o que ele verdadeiramente quer dizer é: «Vocês estão a viver acima das vossas posses e, portanto, terão que fazer sacrifícios.»

Ao alegar que o Ministro das Finanças está a ser alvo de uma tentativa de assassinato de carácter, Sócrates revela uma surpreendente e preocupante falta de sensibilidade política.

Não está em causa nem a legalidade, nem a legitimidade da reforma que o Ministro aufere. Nem sequer está em causa a sua probidade pessoal.

Infelizmente, todos nós sabemos muito bem o que está em causa. Mais sobre este tema no Diário da República.

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