12.6.05

Os candidatos e as suas vozes

Carmona Rodrigues anuncia «Lisboa para todos», uma ideia trivial ou intrigante, consoante o ponto de vista que se queira adoptar.

Carrilho promete «projectos com princípio, meio e fim», presumivelmente ameaçando os indefesos munícipes com mais viadutos, mais túneis, mais casinos, mais teatros recuperados fechados, mais estações de serviço em áreas residenciais, mais permutas de terrenos com os clubes de futebol, mais urbanizações apinhadas, mais arruamentos mesquinhos, mais passeios cobertos de ervas daninhas ou ocupados por estaleiros, mais jardins entregues ao vandalismo e à delinquência, e por aí fora.

Lisboa tornou-se numa cidade hostil que mansamente repeliu a sua população para os subúrbios. Ao fim de semana, ausentes as pessoas que nos dias úteis a ela acorrem para trabalhar, vastas zonas oferecem o aspecto de uma cidade fantasma. Dentro em pouco, a nossa capital terá menos de meio milhão de habitantes, convertendo-se numa irrelevante urbe ibérica de média dimensão.

Tem todo o sentido lembrar, como o faz a candidatura de Sá Fernandes, que uma cidade é - ou deveria ser - gente, e que os «projectos» não servem para nada quando dia a dia tornam a cidade cada vez mais inóspita para essa mesma gente.

A publicidade de Sá Fernandes faz aquilo que a publicidade pode fazer, ou seja, coloca um poderoso holofote sobre o candidato e cria altas expectativas em relação ao que ele a seguir vai fazer e dizer.

Felizmente para nós, não há nada mais eficaz do que a boa publicidade para matar um mau candidato.

Sem comentários: