O PS continua fiel à sua velha máxima segundo a qual compete ao Estado promover o desenvolvimento de negócios lucrativos para o capital privado. É essa a orientação essencial que subjaz ao plano de investimentos hoje apresentado.
Isto é grave. Não só porque está provado que nas parcerias público-privadas são sempre o Estado e os contribuintes que ficam a perder, mas, sobretudo, porque os capitais privados que vão financiar as gigantescas obras públicas agora anunciadas vão ser desviados doutras aplicações mais importantes para dotar o país das empresas competitivas de que necessita.
Portugal é, creio eu, o único país europeu cujos grandes grupos económicos se encontram orgulhosamente ausentes de actividades económicas abertas à competição internacional. Isto é dramático, porque todo o esforço de exportação de bens e serviços recai, para além de multinacionais como a Auto-Europa, sobre pequenas e médias empresas sem dimensão para potenciarem as vantagens competitivas do país.
Quanto às grande empresas, que têm a capacidade de financiamento e os quadros em quantidade e qualidade, optam por se resguardar da concorrência externa, focalizando as suas atenções em actividades protegidas por barreiras naturais ou institucionais. E fazem muito bem: por que haverão elas de correr riscos, se conseguem obter tranquilamente rentabilidades muito satisfatórias?
O capitalismo funciona bem quando nao existem incentivos perversos que desmotivam a inovação e a produtividade. O novo plano de investimento do governo PS é um desses incentivos perversos: os investidores, que acorreram em grande número à sua apresentação, ficaram a saber que, uma vez mais, não vão ter que se ralar demasiado, porque o Estado vai continuar a velar por eles.
5.7.05
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