24.7.05

A olhar para o céu

Apesar de ter criticado aqui a oportunidade e a prioridade dos investimentos no aeroporto da OTA e na rede do TGV, eu não tenho uma opinião definitiva a favor ou contra esses projectos em si mesmos.

Ou, por outra, não tinha. Até que, na 6ª feira, Miguel Sousa Tavares me abriu os olhos, demonstrando que, para pontificar sobre o assunto, bastam «simples senso comum» e «olhar para o céu», e alinhavando, em seguida, um chorrilho de asneiras sobre aquilo que, com a usual ferocidade, chama «o crime da OTA».

Lamento, porém, informá-lo de que esse método não é original. Bem pelo contrário, a esmagadora maioria da opinião publicada em Portugal, verse ela sobre aeroportos, incêndios ou política orçamental, é construída sobre senso comum incompetente e meditações aéreas.

O alarido que recentemente se ergueu em torno da OTA e do TGV revela o país no seu pior. Parece que à tradicional histeria pró obras públicas sucedeu agora uma nova histeria anti obras públicas. Será mesmo impossível discutir estes temas racionalmente? É o que parece.

Entretanto, eu faço notar que, se se decidisse não construir o aeroporto da OTA, isso não eliminaria a necessidade de se investir nos próximos anos muito dinheiro em infra-estruturas aeroportuárias. E que, se se pusésse de parte o TGV, não deixaria de ser preciso investir largas somas em infraestruturas ferroviárias.

Mas, evidentemente, nós não estamos à espera que os Sousas Tavares deste país entendam isso.

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