É estranho que os mesmos que acham fazer sentido falar-se de guerra contra o terrorismo (ou, pior ainda, de guerra contra o terror, ou seja, de guerra contra um sentimento) percam as estribeiras quando alguém lhes fala de negociação.
Ora negociar é uma arma que ninguém pode pôr liminarmente de lado quando trava uma guerra. A negociação pode vir ou não a revelar-se necessária, mas o que não faz sentido é alguém auto-limitar-se à partida jurando que jamais negociará. Bravatas e gabarolice não têm lugar na estratégia militar.
Há, todavia, um excelente argumento contra a negociação neste caso concreto. Consiste em fazer ver que só se pode negociar quando há algo para negociar, ou seja, quando ambas as partes querem algo e é possível imaginar-se um processo no final do qual ambas cedem qualquer coisa para obterem uma parte do que inicialmente reclamavam.
Ora, nesta luta contra o terrorismo, sabe-se o que nós queremos. Mas não se sabe o que quer a outra parte, porque ela, precisamente, não quer nada. Dito de outra maneira, ela quer o nada, ou seja, a aniquilação total de toda e qualquer pessoa, instituição ou ideia que se lhe oponha. É a isso que, algo pomposamente, se chama niilismo.
Não vejo como isso se pode negociar, pela mesmíssima razão que não vejo como se poderá travar uma guerra contra um isso tão vago e incaracterístico.
A guerra contra o terrorismo é algo tão irracional como o próprio terrorismo que se propõe combater.
14.7.05
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