Fiquei logo a tremer de medo quando um dos blasfemos ameaçou que iria responder à minha sequência de posts sobre Milton Friedman no Chile.
Estes tipos fazem-me lembrar o cão de Pavlov: toca-se-lhes no santinho, e põem-se logo a rosnar. Altamente previsíveis.
Enfim, lá pensaram (ai! ai!) um bocadinho, e o que é que saíu? Isto, ou seja, uma típica mistura de alhos com bogalhos.
Como seria de esperar, a habitual preguiça não lhes permitiu sequer darem-se ao trabalho de lerem o que escrevi. Para quê? Eles já viram tudo, já pensaram em tudo e já sabem tudo.
Eu digo que Friedman teve um comportamenmto vergonhoso no caso do Chile. Que respondem eles? Que o Chile é o país mais desenvolvido da América Latina. Que não faz sentido acabar com o embargo a Cuba. Que o investimento estrangeiro na China é uma coisa boa. Que a Nike faz bem em abrir fábricas no Vietname.
Digam-me vocês se estes tipos são bons da cabeça!
Não sei se vale a pena tentar impor o debate racional num manicómio, mas sempre vos direi duas ou três coisas:
1. O PNB foi inventado para se tentar quantificar a felicidade, pelo menos aquela parte que pode ser atribuida ao desfrute de bens materiais. Julgar que ele a esgota, porém, é asneira da grossa. Para usar um exemplo em que é mais provável que estejamos de acordo: imaginem que, sendo a Arábia Saudita criticada por as mulheres adúlteras serem apedrejadas até à morte, alguém contra-argumentava que, afinal, não podemos esquecer que o produto per capita do país impõe respeito. Topam?
2. Por muito estranho que vos pareça, o Chile já era o país mais rico da América Latina bem antes de vocês terem nascido. Embora não as conheça em detalhe (mas vocês também não), fico muito contente por saber que as políticas económicas aplicadas no país terão tido bons resultados. As mesmas orientações, porém, deram péssimos resultados noutros locais. Querem falar um dia do caso da Nova Zelândia? Estou certo que, com a vossa prosápia, não custa nada.
3. Como não sou fanático, reconheço muitos méritos (e também alguns deméritos) como economista ao Milton Friedman. Pura e simplesmente, não foi disso que falei. Em parte porque o essencial já foi dito por muita gente, em parte porque ainda não tive tempo para alinhavar um comentário a um tempo crítico e justo, ou seja, equilibrado. Esta palavra consta do vosso dicionário?
27.11.06
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