21.6.07

O embaixador nas Seychelles (2)

Fui há pouco ler o documento citado no artigo que suporta a manchete do Público de hoje.

Recordo que o título do Público é: "Especialista do MIT diz que Ota é um risco para os investidores", a que acrescentou o sub-título: "Análise recomenda que estudo para aeroporto inclua outras soluções".

Leram bem? Evidentemente, o que se sugere aqui é que: a) a localização da Ota é criticada; b) essa localização implica um risco particular, ausente de outras alternativas; c) devem ser contempladas alternativas à Ota.

Ora, não só o working paper citado não discute a localização da Ota como tampouco põe em causa a necessidade de um novo aeroporto para Lisboa. (A única localização alternativa mencionada de passagem e logo eliminada como inviável é Beja.)

O tema do artigo é o modo como as transformações ocorridas no transporte aéreo e, em particular, o sucesso das companhias low-cost veio introduzir novos factores de incerteza nos investimentos e na gestão aeroportuária, ilustrando o seu ponto de vista com o exemplo do novo aeroporto de Lisboa.

As principais conclusões do autor são estas:

The appropriate development strategy is likely to involve two parallel tracks:
Deferring investments until their need has been fully demonstrated. Thus for example the development of the new airport for Lisbon might first focus on an "inaugural airport" with one major runaway, leaving the investment in the second runaway for a later time when the traffic in the area had been fully justified.

Making investments that enable the development of different kinds of traffic. Thus the plan for the new airport might specifically offer low-cost facilities to the prospective low-cost airlines, thus attracting these customers.

The precise strategy that would be best overall will need careful thought and analysis, which neither the Government of Portugal nor prospective private investors have yet had the opportunity to do.

Tudo sugestões sensatas, como se vê.

Julgue o leitor por si mesmo se isto tem alguma coisa a ver com o que o Público insinua na sua manchete. E julgue também se isto pode ser considerado jornalismo sério.

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