Como avaliar a decisão hoje anunciada por Mário Lino de adiar por seis meses a abertura do concurso de privatização da ANA e construção do novo aeroporto de Lisboa para permitir estudar a alternativa de Alcochete?
Se o Governo estiver de boa fé, teremos que concluir que se preparava para caucionar um projecto de investimento de dimensões colossais sem ponderar devidamente todas as alternativas existentes. Assim sendo, o Governo terá dado provas de insensatez e incompetência em larga escala ao longo dos últimos meses.
Pode, porém, suceder uma das seguintes coisas ou várias em simultâneo:
1. O Governo não estava de facto preparado para lançar o concurso da privatização no segundo semestre de 2007, e o adiamento hoje anunciado destina-se a esconder essa incapacidade à opinião púbica.
2. O Governo quer ajudar a campanha de António Costa retirando a questão do novo aeroporto de Lisboa do centro do debate.
3. O Governo não quer enfrentar a polémica em torno do aeroporto durante a presidência da UE.
4. O Governo quer fingir que dá ouvidos ao Presidente da República.
Francamente, não sei qual será a pior alternativa. Mas o que há de comum entre todas elas é a eventual má fé do executivo, visto que o adiamento seria, afinal, simulado e revelador de reserva mental. No fundo, o Governo apenas fingiria reabrir o processo durante alguns meses para depois, invocando a urgência da decisão, voltar a avançar a todo o gás com a Ota.
A minha conclusão é que, seja qual for a motivação do Governo, agiu mal e, como já se pode depreender dos comentários publicados nos blogues, não ganhará nada com isso.
Quem se lhe opõe vai argumentar que ou o Governo não sabia o que andava a fazer ou apenas pretende iludir-nos. Quem o apoia receia estarmos perante o regresso da pusilanimidade face às pressões das corporações e dos lóbis que caracterizou os governos de António Guterres.
PS - Concordo também com o que sobre este mesmo assunto escreve Vital Moreira. Ler também isto.
11.6.07
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