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A apologética bem-pensante imagina que as coisas vão passar-se mais ou menos assim: dentro de meses - vá lá, um ano - a crise estará ultrapassada e as gentes render-se-ão de novo às delícias dos mercados livres, das sociedades anónimas, do crédito fácil e da especulação bolsista.
Enganam-se. Não fundamentalmente porque a recuperação poderá tardar, mas, principalmente, porque o descontentamento que podemos observar não resulta apenas da crise económica e das suas desastrosas consequências sobre as nossas vidas.
A crise funcionou apenas como um catalizador, potenciando o mal-estar acumulado que já vinha de trás. Há muito tempo muita gente sentia que o nosso modo de vida não faz grande sentido.
Agora, que a desconfiança se tornou em certeza, cresce a convicção de que chegou a hora das grandes mudanças.
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17.4.09
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2 comentários:
Concordo, João. E essas grandes mudanças vão implicar muito sofrimento antes de se chegar a uma nova estabilidade.
Vai levar tempo, bastante tempo, até a bolsa voltar subir e a poder alimentar ilusões. Quando isso acontecer, vai tudo voltar ao que era.
Na falta da bolsa, vai-se buscar a adrenalina às apostas desportivas. Um jogo de ténis insignificante a decorrer em Marrocos a semana passada movia dois milhões e meio de euros.
O ano passado em Espanha um esquema em piramide pedia a cada pessoa dois mil euros para participar, e funcionou durante tempo suficiente para alguns ganharem muito dinheiro.
As pessoas têm memória curta...
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