2.4.09

"Não há pensamento estratégico"

Extractos de uma infelizmente premonitória entrevista de Michael Fox, professor da London School of Economics, no Jornal de Negócios de hoje:
"Infelizmente, a minha expectativa é que esta cimeira do G20 confirme a incapacidade de a actual geração de líderes compreender o que está a acontecer e, como tal, que confirme também a incapacidade dos Governos de actuar da forma radical que a situação efectivamente exige. E temo que, mais uma vez, os países mais pobres e frágeis acabem por ser quem vai suportar o essencial do tremendo custo, económico e social, que esta crise vai provocar, e que ninguém parece querer encarar."

"Por que está cada vez mais claro que não vão sair deste encontro as decisões concretas e radicais de que o mundo precisa. Não vamos ter o investimento massivo que é necessário para ultrapassar esta crise, porque, simplesmente, não há pensamento estratégico. Ninguém parece conseguir descolar-se da “velha escola”. "

"O que está a prevalecer é o velho pensamento e a preocupação com os problemas teóricos e não com os reais. Falta visão estratégica. No Congo, por exemplo, há hoje mais 300 mil desempregados da indústria do cobre, e ninguém parece preocupar-se com a miséria em larguíssima escala que esta crise está a gerar."

"Vamos ter milhões e milhões de desempregados, com consequências gravíssimas em termos de estabilidade social e mesmo institucional. E, não obstante, o que prevalece é a preocupação com a evolução do défice ou da inflação, quando, paradoxalmente, o que temos é risco de deflação na Europa e uma deflação reinstalada no Japão. É muito decepcionante, mas é isso que está a acontecer: o G20 vai concentrar-se em problemas teóricos e esquecer os reais."

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