Quem ignora o problema da «não inscrição», levantado por José Gil no seu tão inesperado quanto improvável best-seller, corre por estes dias um sério risco de fazer figura de ignorante em qualquer roda de amigos.
De maneira que eu folheei rapidamente o pequeno volume e confesso que encontrei lá algumas indiscutíveis verdades, entre elas a certeira caracterização dessa nossa tendência para passarmos colectivamente sobre as coisas com a maior das ligeirezas, sem permitir, portanto, que elas deixem marcas.
Como acredito tão pouco na alma colectiva como na individual, tendo a atribuir esse fenómeno cultural ao persistente nomadismo que até muito recentemente marcou de forma tão acentuada o nosso viver colectivo.
Reconquista, descobrimentos, império, colonização, emigração, foram alguns dos sucessivos nomes que, um após outro, esse nomadismo adoptou.
Há precisamente trinta anos essa história de errância terminou, muito possivelmente de vez. Por isso, conjecturo eu, teremos tanta dificuldade em compatibilizar as actuais formas de vida com as crenças e os mitos constitutivos da nacionalidade.
22.3.05
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