Gente fina é outra coisa. Depois de todo o alarido da nova maioria em torno das despesas incorridas pelo Estado português para assegurar o Euro 2004 e, particularmente, do dinheiro dado a clubes de futebol que mais não são senão empresas com fins lucrativos, esperar-se-ía, ao menos, algum pudor.
Mas eis que, com a maior tranquilidade e sem sombra de debate público, o Estado se prepara para abrir os cordões à bolsa para financiar em larga escala uma outra realização desportiva: a próxima Taça América, uma regata transoceânica de projecção mundial.
Como é hábito, prometem-se fantásticas receitas turísticas e mirabolantes benefícios nacionais para justificar o envolvimento do Estado em mais esta aventura.
Sublinha-se, porém, que as verbas envolvidas na criação de infraestruturas serão muito inferiores às dispendidas com a construção ou recuperação dos estádios para o Euro 2004.
Convém, porém, notar outras diferenças significativas entre os dois eventos.
O Euro 2004 envolve várias capitais de distrito; a Taça América, dois concelhos do distrito de Lisboa.
O Euro 2004 atrai a Portugal dezenas de milhares de pessoas; a Taça América, dezenas de pessoas.
O Euro 2004 será visto durante semanas por centenas de milhões de pessoas em todo o mundo; a Taça América, por um pequeno nicho de audiência.
O Euro 2004 interessa à grande maioria dos portugueses; as regatas oceânicas, a um punhado deles.
Finalmente, o Euro 2004 beneficia várias empresas; a Taça América, apenas uma.
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