18.12.04

Boas e más notícias

A presença de Valadares Tavares (ex-ministro sombra de Durão Barroso e Presidente do INA) no jantar que ontem congregou independentes apoiantes do PS é, a par da sondagem hoje divulgada pelo Expresso, um sinal decisivo de que está à vista um terramoto eleitoral no próximo mês de Fevereiro.

As implicações deste facto são em larga medida positivas. Em primeiro lugar, porque o país terá garantida uma maioria sólida capaz de formar governo. Em segundo lugar, porque o esmagamento de Santana Lopes dará lugar à sua remoção do cargo de Presidente do PSD, uma missão patriótica que o país inteiro aplaudirá sem restrições.

O reverso da medalha é que, seguro da vitória, o PS sentir-se-á desde já desobrigado a comprometer-se antes das eleições com metas claras de governação, dado que isso não será fundamental para angariar votos. Diminuirá a pressão sobre Sócrates e sobre o PS. Acentuar-se-á a tendência para encher as listas de deputados de gente fiel mas sem qualidade. Reduzir-se-á o esforço de recrutar para o governo os melhores em cada área e de traçar políticas ambiciosas e coerentes.

Muitas pessoas, entre as quais modestamente me incluo, têm recomendado ao PS que aproveite esta oportunidade única para elevar o nível da discussão e resistir à degradação do debate político que Santana e Portas se esforçam por impor.

Até agora, porém, apesar de assegurar que é isso mesmo que pretende fazer, Sócrates tem-se limitado a exibir uma postura de bom rapaz e a flagelar a coligação moribunda.

A nós, meros cidadãos eleitores, o que nos interessa é saber o que o PS será capaz de fazer quando, como parece inevitável, assumir o poder no próximo mês de Fevereiro.

Sem comentários: