1.12.04

A derrota do circo mediático

O sentimento dominante no país é de alívio.

Terminaram os quatro longos meses de humilhação a que o país foi submetido, graças ao vasto consenso nacional sobre a necessidade de por-lhe cobro que foi ganhando corpo nas últimas semanas.

Sampaio foi, aparentemente, o último a aderir ao movimento. Em Junho, deixou-se levar pela onda; agora, também. Ele é apenas um medium que se limita a dar expressão ao sentimento geral do país.

Devemos meditar um instante sobre as razões que permitiram a ascensão de Santana ao poder.

Creio que somos, em geral, demasiado tolerantes com a mediocridade. Estamos dispostos a dar todo o crédito a um sujeito só porque é bem falante, beija a mão às senhoras e sabe escolher as gravatas.

Os jornalistas achavam Santana - e muitos, ao que vejo, ainda acham - um político temível, porque corresponde ao estereotipo do que eles acham que é a política mediática. Acreditavam - e muitos ainda acreditam - que Santana é um político muito popular e uma fera a ganhar eleições, apesar de as sondagens terem provado a sua fragilidade quando confrontado com as expectativas que criou e de o seu registo eleitoral ser muito mais fraco do que se pretende fazer crer, dado que nem para presidente do Sporting foi de facto eleito.

Um certo conceito de política, partilhado por uma boa parte dos políticos profissionais e dos teóricos dos media, foi efectivamente derrotado. Provou-se que o povo não é estúpido e que, em particular, é muito menos sensível ao circo mediático do que os arautos do crepúsculo da democracia liberal nos querem fazer crer.

Tudo boas notícias, como se vê, para o futuro da nossa democracia, principalmente se estivermos dispostos a aprender com os erros. Dito isto, é tempo de virar a página e olhar em frente.

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