Agora que está à vista um novo governo do PS, espero que, ao contrário do que fez Barroso, Sócrates resista à tentação de destruir tudo o que os outros fizeram e começar de novo, porque isso é o que caracteriza os países subdesenvolvidos.
Por mim, entendo que há três áreas polémicas em que a maioria cessante fez coisas boas, muito boas mesmo:
1. Actualização das propinas universitárias. Os benefícios do ensino superior vão em grande parte para os próprios estudantes que se licenciam, embora todos ganhemos com o facto de haver mais gente graduada. Por isso, os custos da educação universitária devem ser suportados em parte pelos estudantes, em parte pelo Estado, em proporções a definir. O governo de Barroso fez bem em reafirmar este princípio e em dar passos seguros para consolidar este sistema, que é mais justo do que o anterior.
2. Hospitais SA. Os hospitais devem ser geridos, e para tal devem dispor da necessária autonomia. Este princípio não implica a privatização dos hospitais. Bem pelo contrário: se funcionar bem, permitirá evitá-la. Dito isto, o governo PSD/PP cometeu alguns erros na aplicação desta política e fez muita demagogia. Espero que o próximo ministro da saúde melhore o que há a melhorar sem todavia negar os avanços entretanto conseguidos. De resto, o novo modelo de gestão hospitalar foi, nas suas linhas gerais, traçado por Correia de Campos no último governo de Guterres.
3. Regulação. O legado dos governos de Guterres nesta matéria foi muito pobre porque a tibieza do primeiro-ministro entravou tudo. Nos últimos dois anos e meio avançou-se muito, apesar da contínua resistência dos lóbis visados. Em minha opinião, esta é uma área absolutamente crucial para a melhoria da competitividade das empresas portuguesas. É preciso prosseguir na mesma via.
16.12.04
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário