14.12.07
Onde está o Gordon?
O Reino Unido é hoje talvez o exemplo mais acabado de plutocracia (ou governo dos muito ricos) legitimada pela aparência de respeito pelo sentimento da plebe que o populismo mediático encena.
O país é efectivamente governado pelos tablóides, sempre prontos a exigirem a cabeça de qualquer governante que não alinhe pela sua raivosa e primária propaganda.
Gordon Brown parece ser um homem intelectual e eticamente bem mais sólido do que Tony Blair, e é essa porventura a sua desgraça. Blair nunca teve medo dos media - muito pelo contrário - porque a sua intuição o ajudava a entendê-los e a pensar como eles, e só quem intuitivamente simpatiza com o seu modo de actuar pode manipulá-los.
Brown, que é um intelectual, pensa de mais. A lógica da imprensa repugna-lhe, por isso teme-a. Não sendo suficientemente corajoso para enfrentá-la, procura fazer-lhe a vontade contrafeito, e é sistematicamente cilindrado perante a opinião pública.
A ausência de Brown na foto que os líderes europeus ontem tiraram em Lisboa tem como única justificação a tentativa de evitar a crítica chauvinista dos media britânicos. A decisão foi patética e o resultado final será ainda pior do que ele temia.
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