Não se pode criticar demasiado o João Miranda. Afinal, ele é apenas uma vítima inocente da forma inaceitável como a teoria económica é ensinada um pouco por todo o mundo, sem referência (ou com escassa referência) aos factos que pretende explicar.
O Daniel Oliveira desafiou o João Miranda a apresentar um só estudo sério provando que o aumento do salário mínimo conduzirá em Portugal ao aumento do desemprego. O João Miranda, como esperaria qualquer pessoa que entenda o modo como ele pensa, respondeu-lhe com um gráfico.
Como bom escolástico, o que lhe interessa são as teorias, não os factos empíricos. Ele deduz a verdade dos axiomas que se lhe afiguram intuitivos, porque julga que a teoria económica funciona como a geometria.
E que nos dizem, afinal, as investigações empíricas acerca da relação entre, por um lado, a existência ou o aumento do salário mínimo e, por outro lado, o desemprego? Em muitos casos, talvez a maioria, não identificam relação alguma. Noutros, sugerem que o desemprego aumenta; noutros ainda, que o desemprego diminui (!).
As únicas conclusões sólidas que se podem tirar serão talvez estas:
1. O impacto do aumento do salário mínimo sobre o desemprego depende das circunstâncias;
2. A representação abstracta do mercado do trabalho reproduzida pelo João Miranda no seu post é errada ou, pelo menos incompleta.
Alguns economistas acreditam que o modelo falha por não ter em conta a capacidade negocial das partes em confronto, mas isso já é uma conversa mais complicada.
PS: No mesmo sentido da opinião aqui expressa, ler também João Rodrigues.
19.12.07
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