Súbito ataque de lucidez de Vasco Pulido Valente no Público de hoje: "Se, de facto, sou 'pessimista', parece que nisso, pelo menos, não sou diferente do resto país."
Tirando saber ler e escrever - prenda que, na presente conjuntura cultural, não pode nem deve ser subestimada - VPV é de facto um típico português.
E, na realidade, para identificarmos os traços mais marcantes da alma lusitana basta darmos uma olhada à prosa que hoje nos serve. Vejam só:
1. Resignação: "Ninguém, ou quase ninguém, acredita no futuro." (Ele não acredita, logo quase ninguém acredita.)
2. Choraminguice: "De onde vêm estas trevas? Primeiro, de onde sempre vieram - da miséria." (Quem não chora, não mama.)
3. Manha: "Costumo ser descrito como 'pessimista', uma palavra que irrita e que não sei exactamente o que significa, como coisa distinta de 'crítico' ou de 'realista'." (Truque para fugir ao assunto.)
4. Desprezo pelos factos: "Os portugueses preferem [segundo o estudo citado] a honestidade ao poder. Por outras palavras, não querem mudar o mundo, porque desconfiam da mudança." (Repare-se como a conclusão não tem nada a ver com a premissa.)
5. Auto-satisfação: "A 'Europa' continua longe, o país continua 'fechado', a desigualdade aumenta. Pessimismo ou realismo?" (Ele bem avisou.)
Resta, é claro, como inconfundível traço de portugalidade, uma má educação tão ingénua, tão espontânea, tão pura, tão genuina, tão pouco ensaiada, que chega a comover. Mas não se pode fazer-lhe justiça citando frases isoladas.
7.12.07
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