O Luís Jorge propõe sobre a demissão de Correia de Campos uma interpretação optimista, mas, creio eu, equivocada. São as reformas da Saúde, sim senhor, que se encontram adiadas, pelo menos até ao fim da presente legislatura.
O mais grave de tudo isto é que, apesar do muito que Campos conseguiu fazer para, racionalizando o SNS, preservá-lo e melhorá-lo, as despesas do Estado com a saúde nunca pararam de aumentar nestes últimos anos. Por outras palavras, as coisas ainda não tinham chegado ao ponto de se conseguir estancar o sorvedoiro de dinheiros públicos.
A escolha de uma mulher próxima de Manuel Alegre faz temer uma nova era de arranjinhos do Ministério com os sindicatos, as ordens e as autarquias, ou seja, com os poderes fácticos cujos interesses no passado tantas vezes hegemonizaram a política de saúde em Portugal. A menos, é claro, que a identificação política da Ministra com a "esquerda" do PS venha a revelar-se um equívoco motivado por uma interpretação errada do seu alinhamento ideológico. Oxalá.
Os primeiros testes às intenções reais da ministra serão a conclusão em tempo útil do processo de abertura de farmácias nos hospitais públicos e a entrada em vigor do sistema de controlo de cumprimento dos horários de trabalho dos médicos, ameaças suficientemente fortes para terem levado Pedro Nunes (bastonário da Ordem dos Médicos) e José Aranda e Silva (ex-bastonário da Ordem dos Farmacêuticos) a subscreverem o abaixo-assinado do Bloco de Esquerda em defesa do Serviço Nacional de Saúde supostamente ameaçado pelo ministro cessante.
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