16.5.08

Choque de expectativas

Parece-me justo afirmar-se que o mau desempenho da economia no primeiro trimestre apanhou toda a gente de surpresa (Presidente da República incluído, por muito que lhe custe admiti-lo). Olhando para os gráficos, o período até parece um outlier só explicável por causas especiais, não podendo descartar-se a hipótese de, após um ajustamento brusco, as coisas regressarem em seguida à normalidade.

Os números ontem divulgados são tanto mais inesperados quanto é facto que os dados até então disponíveis sugeriam que as exportações estavam a crescer bem (pelo menos até Fevereiro), que o turismo progredia a bom ritmo e que o desemprego estava em baixa.

Teremos que esperar mais três semanas para saber como evoluiram as diferentes componentes da procura, mas é provável que o principal problema esteja, não na procura externa, mas no consumo privado e no investimento.

A eventual retracção do investimento será pouco preocupante, na medida em que poderá indiciar apenas uma demora no arranque de projectos que aguardam a sua aprovação no âmbito do QREN. Quanto ao consumo privado, o pior ainda poderá estar para vir, tendo em conta as crescentes pressões inflacionistas.

Texeira dos Santos esperaria um abrandamento da economia, mas não contaria que fosse tão significativo. O corte drástico na taxa de crescimento projectada para este ano e o próximo pode ter essa explicação, mas também é possível que a perspectiva de poder ultrapassar facilmente uma fasquia colocada tão baixo tenha também influenciado essa decisão.

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