11.5.08

O novo significado da palavra "tentar"

Afirmou Ricardo Costa, Presidente do Conselho de Disciplina da Liga, ao anunciar os castigos ontem aplicados: "Se o regulamento não exigisse o que exige, os clubes [U. Leiria e FC Porto] que hoje perdem pontos seriam punidos com descida de divisão."

Pensem bem: que sentido faz alguém que está encarregado de velar pela aplicação de um determinado regulamento aventar sequer a possibilidade de o seu alto juízo poder sobrepor-se a esse mesmo regulamento? Tudo indica, pois, que, "se o regulamento não exigisse o que exige", este interessante espécimen de "adepto da Académica" teria pura e simplesmente extinguido o FC Porto.

De resto, a lógica que preside ao castigo imposto ao FC Porto é incompreensível. Ora vejamos, não tendo sido possível provar que as arbitragens dos jogos em causa tenham beneficiado o FC Porto (bem pelo contrário) o Conselho de Disciplina decidiu ter havido apenas corrupção na forma tentada.

Tentada, como? Segundo o mesmo Conselho, os árbitros terão recebido, com base no testemunho único de Carolina Salgado, favores sexuais e monetários. Assim sendo, a corrupção não foi meramente tentada, mas efectivamente concretizada.

Corrupção tentada acontece quando se procura oferecer algo a alguém e esse alguém recusa, o que, segundo o Conselho, não aconteceu. Logo, na verdade, a corrupção teria sido consumada, mas não teria produzido resultado.

Confuso? Não vale a pena, porque isto também não é para perceber.

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