José Manuel Fernandes afirma no seu editorial de hoje que o facto de o custo unitário do trabalho ter crescido em Portugal 10% entre 1999 e 2007 significa que "Portugal perdeu produtividade".
Onde é que ele terá aprendido isto? A evolução do custo unitário do trabalho depende de dois factores: o crescimento dos salários reais e o crescimento da produtividade. Logo, o aumento desse indicador significa apenas que os salários reais cresceram mais rapidamente do que a produtividade, não que a produtividade diminuiu.
Ora, o nível salarial é genericamente determinado pelo jogo da oferta e da procura no mercado laboral, ao passo que a produtividade depende antes de mais do investimento e da capacidade de inovação das empresas.
Por que é que a nossa produtividade cresce pouco de há muito tempo a esta parte? A explicação fundamental encontra-se, muito provavelmente, na fraca concorrência que prevalece em muitos mercados de produtos ao nível interno e na protecção que os poderes públicos concederam e continuam a conceder a actividades económicas ineficientes.
É por isso que tudo o resto que José Manuel Fernandes escreve - nomeadamente sobre "o nosso problema continuar a ser o mesmo" do século XIX - não faz qualquer sentido.
29.5.08
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1 comentário:
A julgar pelos resultados das vendas do "Público", a produtividade de JMF é que não deve andar muito famosa.
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