18.10.03

Não acredito em conspirações; mas que as há, há. A minha vontade de me pronunciar sobre o tema da pedofilia é menos que nula, porque eu interesso-me por política, não por politiquice.

Mas há alturas em que o silêncio só pode significar cobardia, e este é um deles. Como, ainda por cima, não tenho nem nunca tive qualquer relação com o PS, nem conheço o Paulo Pedroso de lado nenhum, talvez sejam mesmo pessoas como eu que devem falar.

Assistimos no final desta semana a mais uma divulgação cirúrgica de segredos de justiça, ao mesmo tempo que era divulgado com grande fanfarra pelo DN o texto de mais um acórdão da Relação de Lisboa. Quanto a este último, recomendo a toda a gente que o leia, chamando especialmente a atenção para a linguagem raivosa de comício da extrema-direita em que está escrito, a lembrar o partido do Manuel Monteiro no seu pior. Já que criticaram tanto o estilo da Ana Gomes, roam agora este osso: cá fico à espera de ouvir as opiniões dos nossos sábios de serviço.

Francamente, não creio que sejam precisos grandes comentários, porque os factos em si são altamente reveladores. É cada vez mais evidente que há uma guerra declarada de uma parte do aparelho judicial contra o PS, e a ninguém é legítimo continuar a ignorá-lo. Como eu previ, o apelo de Barroso à despolitização da justiça era só fumaça.

Quanto ao resto, continuamos a aguardar os resultados dos inquéritos à fuga de segredos de justiça ordenados à meses pelo Procurador-Geral da República. Se não sabem como fazer para identificar os responsáveis pela difusão de informações classificadas, recomendo ao senhor Procurador a leitura de The Company: A novel of the CIA, porque lá explica-se como é que é. O livro é barato (deve caber no orçamento) e, além do mais, entretem.

PS-É cada vez mais evidente o papel do DN na divulgação de informações sobre este processo nos momentos mais propícios para a acusação. Recomendo também a leitura atenta dos editoriais do Director-Adjunto António Ribeiro Ferreira, porque normalmente prenunciam o que vem a seguir.

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