O PS e o poder económico. Henrique Neto produz hoje afirmações intrigantes no suplemento de Economia do Público, principalmente no que respeita ao modo como os governos do PS intervieram nas principais empresas do Estado em vias de privatização.
A primeira coisa que podemos concluir é que o PS, e principalmente o ministro Pina Moura, nomearam para os postos de maior responsabilidade pessoas que, como agora se torna claro, se situavam ideologicamente na área do PSD. A segunda é que, não tendo ideias políticas próprias nesta matéria (como aliás noutras), o PS limita-se a vogar ao sabor das pressões provenientes dos principais grupos económicos que ajudou a reconstituir até se atingir um grau de promiscuidade entre o poder político e o poder económico provavelmente superior ao que conhecemos antes de 1974.
O PS, talvez o partido português mais fechado à sociedade, tem uma influência quase nula no meio empresarial, mas julga que pode suprir essa falha nomeando para cargos de influência pessoas da confiança do grande capital. O resultado é que, uma vez concluidos pelo PS os fretes que lhe são encomendados, essas personalidades viram-lhe as costas e, como têm estratégias claras, prosseguem tranquilamente o seu caminho ao serviço do novo poder. Como bem nota Henrique Neto, é por isso que o PS não está hoje à vontade para criticar as opções que o novo governo tem tomado na área da Economia.
O grande problema que se põe não é, portanto, saber quando e como o PS regressará ao poder, mas o que fará com ele.
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