19.10.03



O método de produção de uma pintura de Jackson Pollock era frenético, caótico, agressivo, produto de milhares de pequenos acidentes de resultado final imprevisível. Ele não tratava a tela com meiguice, deitava-a sobre o chão e despejava sobre ela tinta de forma razoavelmente arbitrária, numa relação física de confronto corporal e espiritual com ela.

O resultado final, porém, transmite uma certa serenidade, sobretudo quando contemplado à distância, como se acima dos intrincados labirintos parcelares e sobrepostos traçados sobre a tela pairasse algo de mais poderoso, como se o sublime emergisse misteriosamente do sofrimento.

Uma metáfora talvez adequada para os tempos que correm. Mas para a compreender é preciso treinar o olhar.

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