5.10.03

Um destino. Sempre que observo a atitude agressiva de Paulo Portas, cego e surdo ao que se passa à sua volta, imune ao coro de críticas que se levanta cada vez que abre a boca, indiferente à hostilidade que o rodeia, inteiramente concentrado no seu ego, fechado no seu pequeno mundo de auto-proclamado génio, obstinado na sua crença de que tem uma missão transcendente a cumprir, confortado pela pequena clique de apoiantes que o segue sem pestanejar, inflexível até ao delírio no seu caminho sem retorno, sempre que o ouço negar o óbvio com a convicção de quem se nega a admitir o que todos já entendemos, vem-me à memória a sentença que uma vez Sounness pronunciou a propósito de Vale de Azevedo:

«This man is a dangerous man. He lies while looking at you in the eye

Como não ver que, independentemente de tudo o resto, o perfil psicológico é rigorosamente igual? Qualquer outro no seu lugar já teria cedido, mas ele não atira a toalha, segue em frente redobrando a agressividade em relação aos seus adversários. Coragem ou cegueira?

Pessoas assim não reagem aos acontecimentos como nós. O que se diz à volta delas não as toca, porque na verdade não o escutam, certos como estão de que se trata apenas de vozes mal intencionadas sopradas por uma conspiração de gente mal intencionada.

Por isso seguem impassíveis o seu caminho, sem suspeitarem o inevitável destino trágico que as espera.


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