«The 9/11 Commission Report» é um documento de leitura obrigatória para qualquer pessoa que se interesse pela política internacional contemporânea.
O Relatório, elaborado sob a orientação de uma Comissão bi-partidária de dez membros nomeados pelo Presidente e pelo Congresso dos EUA é uma investigação exaustiva e séria sobre os factos e as circunstâncias que rodearem os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.
Começa por descrever minuto a minuto o que se passou naquele dia trágico, para em seguida investigar em detalhe as origens e o desenvolvimento da Al-Qaeda e outras organizações terroristas com ela relacionadas, bem como o caminho percorrido desde a decisão de atacar os EUA até ao momento da sua concretização. De caminho, analisa a evolução dos serviços de informação americanos desde os finais da guerra fria, discute as falhas de segurança que permitiram os ataques e avalia a preparação do sistema de informação e segurança para lidar com este tipo de ameaças.
Ao longo das suas quase 450 páginas, o Relatório mantém um tom estritamente objectivo, o que não o impede de vasculhar todas as questões potencialmente incómodas para a actual administração. Sabe-se que a Comissão se defrontou com alguns obstáculos ao seu trabalho, o que não a impediu de agir sempre com o máximo rigor. Um grande exemplo para as desacreditadas comissões de inquérito do nosso Parlamento, cujos membros, trazendo já de casa no bolso as conclusões que interessam ao seu partido, se prestam ao triste papel de impedir por todos os meios ao seu alcance o escrutínio da verdade dos factos.
As conclusões do relatório são, compreensivelmente, a parte mais fraca do documento, não tanto por serem erradas, como por serem algo vagas - mas compreende-se que, nas circunstâncias, dificilmente poderia ser de outra maneira.
Ainda assim, a Comissão não esconde a difícil situação em que os EUA se encontram colocados em virtude de uma política externa insensível e insensata. Leia-se, por exemplo, isto:
«Support for the US has plummeted. Polls taken in Islamic countries after 9/11 suggested that many or most people thought the US was doing the right thing in its fight against terrorism; few people saw popular support for al Qaeda; half of those surveyed said that ordinary people had a favorable view of the US. By 2003, polls showed that the bottom has fallen out of support for America in most of the Muslim world. Negative views of the US among Muslims, which had been largely limited to countries in the Middle East, have spread... Since last summer, favorable ratings for the US have fallen from 61% to 15% in Indonesia and from 71% to 38% among Muslims in Nigeria.» (p. 375)
E não posso deixar de concordar com esta recomendação:
«...long term success demands the use of all elements of national power: diplomacy, intelligence, covert action, law enforcement, economic policy, foreign aid, public diplomacy, and homeland defense. If we favor one tool while neglecting others, we leave ourselves vulnerable and weaken our national effort.» (pp. 363-4)
30.10.04
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