16.5.05

«Há uma coisa que as pessoas precisam de saber»

Descobri ontem que a minha teimosia em negar-me a assistir aos debates televisivos sobre futebol me tem privado de alguns momentos de puro deleite intelectual proporcionados por essa figura ímpar dos nossos écrãs que é o sr. Rui Santos.

Este sujeito, que por certo penteia o cabelo com azeite para poupar no gel, é o mais parecido com um educador popular que eu tenho encontrado nos últimos tempos.

Para deixar bem clara essa sua vocação, ele repete continuamente que «há uma coisa que as pessoas precisam de saber».

Eis algumas das coisas que, segundo ontem o ouvi dizer, «as pessoas precisam de saber»:

1. O golo do Luisão resultou de um lance faltoso, apesar das opiniões em contrário dos especialistas em arbitragem anteriormente escutados.

2. A decisão tomada pel’A Bola de não inflamar os ânimos antes do jogo de Sábado favoreceu o Benfica.

3. O Sporting perdeu o jogo porque Dias da Cunha não foi consequente na sua luta contra o sistema, dado ter descurado o facto de que quem actualmente controla a arbitragem é o Benfica.

4. O árbitro que apitou o Guimarães-Boavista é benfiquista, e a verdade é que expulsou mal dois jogadores boavisteiros que não poderão defrontar o Benfica na última jornada.

5. João Loureiro é quem vai decidir se o Boavista vai ou não oferecer a vitória de bandeja ao Benfica.

6. O Boavista precisa que o Porto lhe ceda jogadores para a próxima época, por isso tem que se cuidar.

7. A Académica é neste momento um clube dominado pelo Porto.

Estão a ver o nível?

Quanto a mim, há, de facto, «uma coisa que as pessoas precisam de saber»: este sebento é uma besta.

E há outra coisa que «as pessoas gostariam de saber», mas provavelmente nunca saberão: que qualificações tem este cromo mal-formado, este chungueta afadistado, este pedaço de asno ordinário, para falar de futebol a milhões de telespectadores?

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