Nascido no Porto, mas exilado em Lisboa desde que completei duas semanas de idade, eu poderia de facto ter escolhido qualquer clube.
Mas ser o único portista em toda parte onde me encontrava era de um chique irresistível.
Essa experiência educou-me nas delícias da diferença e habituou-me a gostar de estar em minoria.
Aquilo que agrada tanto a muitos benfiquistas - o facto de serem muitos, o argumento do número, a dissolução numa massa anónima de milhões - é precisamente o que me afasta dessa como de outras uniões nacionais.
Ganhar ou perder não era determinante para mim. Mas eis que, algo inesperadamente, o Porto iniciou há um quarto de século a sua caminhada irresistível para a hegemonia no futebol nacional.
Foi um bónus extra para o qual não me encontrava preparado. Mas foi outra razão para reforçar a minha dedicação ao clube, na medida em que os seus triunfos provavam que, com inteligência e esforço, David pode vencer Golias.
Os anos passaram, e o Porto começou a ganhar demais. A presente época, com o infindável cortejo de decisões erradas, o negocismo infrene e, sobretudo, a falta de respeito pelos jogadores e pelos treinadores, mostrou que, infelizmente, o Porto está a aprender com o Benfica.
É claro que eu ficaria mais contente se o Porto tivesse ganho o campeonato - o que, no campo estritamente desportivo, até talvez fosse justo - mas tenho que reconhecer que, se isso tivesse sucedido, o vício teria sido premiado e a virtude e a competência escarnecidos.
24.5.05
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3 comentários:
Como eu o compreendo. Estive desde os 2 até aos 11 anos no Porto, fui feito sócio pelo meu pai que era um ferrenho Portista (embora sejamos de Lagos) e cheguei a ir ao estádio da Constituição praticar futebol nos infantis/juvenis. Estar em minoria parece uma sina, pelo menos enquanto o discurso do FCP for de cariz regionalista. Penso que deviamos atenuar esse faceta, em favor de um discurso mais nacional, embora possa ter alguns custos associados.
Cumptos,
Já agora o link para o meu blogue (recente experiencia na blogosfera): http://fotografiaexadres.blogspot.com/
Pois é, mas se excluirmos a saida do euromilhões ao Pinto da Costa com a contratação de Mourinho, o Porto já vai no tetra. Conseguirá repetir o penta?
PS: Acho que o grande problema do Porto foi o bi-tri. Se eles tivessem aprendido a dizer hexa quem sabe quem dominaria hoje o futebol português?
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